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Poemas

Apojadura

Se este amor
já foi leite de peito
generoso
morno
incondicional,

por que hoje se azeda
de mágoa
desamparo
dor?


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"...mas a noite é beneplácita
conselheira mãe irmã
há lugares para todos
nessa reunião diária
inclusive para os poucos
felizes consigo mesmo..."

Anibal Beça

Porque lavo muito as mãos
meu verso se faz banalPoema ralo
Mingau

No tour da noite
faço cara de estrangeiro
e o denso caldo de odorestrelamentos
me chega coado
tingido
pelo pano da camisa
Voal

Deliro
Urgência de marginal
Ânsia tesa de demente
Ânsia frouxa de doente
terminal

Vertigem?
Só sei da que vejo
no jornal
nacional

Espio de longe o barranco
na horizontal
Acrófoba
teorizo a queda
Teorema
abissal

Respiro compassado
Medito zen
oriental
Hidrófila
Brotos diversos. Arroz integral

Em noites claras
hidrófoba
amarro-me ao gradil
e vendo de negro os olhos
pra não ter de uivar pra Lua


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Ah, como eu queria
que fossem meus
os olhos que se alinham às estrelas
no campo de girassóis

Não importa

Antes um poema requentado
que poesia nenhuma

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Poema para meu homem

"...Amo el amor que se reparte
en besos, lecho y pan..."
Pablo Neruda


Eu te convido a um orgasmo
barroco, talvez antigo.
Sem unhas, grito, perigo.
Gozo de velhos casais
em seus anos outonais.

Convido-te a um conviver
onde caiba o nosso tempo:
saudade, tédio, paixão,
louça branca, cristaleira,
ciúme, lençol de renda.
E que em cada prateleira
haja espaço pra uma prenda
guardada desde o verão.

Onde floresça a alegria
da vida que aqui brotou:
Luisa, clareza, calma,
e a luz dos olhos tão claros
de Clara, esta pedra rara.

Tenha até lugar pra mágoa
por nosso broto arrancado.
O nosso menino Jonas
pela baleia tragado
e que foi visto, sorrindo,
lá no meio do Amazonas
na proa de um barco amigo.
(Logo depois, na janela,
debruçado, ainda sorria.
Cumpria-se a profecia...)

E que em cada primavera
quando rebrota essa dor
refaçamos a aliança
deste nosso velho amor.

Que nós, juntos, nessa espera,
remendemos a esperança
de que, afinal, todos nós
rumamos pra mesma foz...

Convido-te à compaixão
dessas tardes de domingo.
A nossa voz num só canto.
Tua boca, minha boca,
minha mão na tua mão.
Repartindo leito e pão,
rezando pro mesmo santo,
bebendo do mesmo jarro.
Nos reconhecendo, enfim,
paridos do mesmo barro.

Convido-te a envelhecermos
juntos nas noites de junho
distraindo em toque terno
todos os frios de inverno.

Eu te convido ao meu sangue
vinho de safra bem boa.
Meu corpo, já meio gasto.
Enfim, a um orgasmo casto

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Réquiem para o amor da minha vida

Ele não quis. Mas que pena.
Sobrou-me um triste poema.


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Não me confunda desse jeito
com minha poesia
com meu bordado

Uma cria
cruel e fria
levo trancada no peito
a cadeado

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Artigo oitavo

Apresentação

O Livro
Prefácio
(por Thiago de Mello)
Poemas

O Disco
Encontro das Águas
(por Rodolfo Stroeter)
Roteiro do CD
Ficha Técnica do CD
Depoimentos
fotos

Agradecimentos
(por Etel Frota)

currículo

contatos

Os Estatutos
do Homem

(obra que inspirou
o Artigo oitavo)

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