Depoimentos
"...o afeto da palavra ligado ao afeto da música. Eu acho que nessa sessão a gente conseguiu uma convivência muito harmoniosa das duas coisas, gerando uma terceira coisa, que não é mais só poema, nem é mais só música. Uma terceira coisa..."
André Mehmari, piano e teclados.
"...essa experiência de trabalhar a voz fazendo um jogo com a criação sonora, como se fosse um "jazz" da palavra com a música... é uma coisa fantástica para um ator. Quando você tem um time dessa natureza, é prazer absoluto. Uma qualidade de palavra como esta que a Etel escreve. É difícil dar corpo, é víscera inteira, é exposição direta de sentimento. Isto vai te mexendo, e aí vem o estímulo sonoro, te provoca um tom que você acha que é o corpo daquela palavra em forma de voz. É muito estimulante!"
Cacá Carvalho, ator.
"... Foi tudo perfeito. Ambiente super bom, muitos climas, muita música, muita poesia, principalmente. Boa poesia. Isso nos estimula bastante a fazer música. Não é sempre que a gente tem essa oportunidade: um estímulo de fora da área da música, gerando uma manifestação musical, de uma forma totalmente livre como foi, e com um resultado tão bom..."
Caito Marcondes, percussão.
"...Musicar interagindo com a poesia é sempre um grande barato. Fugir do óbvio, criar texturas, desenvolver uma linguagem paralela, independente, mas também interdependente. É um trabalho muito gostoso. Exige muita coisa de improvisação, de criação coletiva. De interação..."
Teco Cardoso, flautas de madeira e saxofone.
"... eu estou embevecida, mesmo, estou emocionada, acabei de ouvir tudo. Acabei de viajar por diversas situações da vida, diversos lugares, sentimentos. Nas profundezas da alma. É tudo muito bonito, muito inesperado para mim - eu tinha ouvido aos pedaços, e é uma coisa de se ouvir do início ao final mesmo, pra poder entender o processo todo. Muito lindo..."
Suzie Franco, cantora
"...a forma como as coisas foram sendo realizadas. Ir lá e cantar valendo mesmo, (...) ser dirigida não sendo dirigida, ser dirigida pela liberdade da criação, pela cumplicidade da parceria... isso eu senti muito entre o Rodolfo e o Lydio na execução da faixa que eu cantei, entre eu e o Lydio que é também compositor da música junto com a Etel, entre eu e o Rodolfo, entre eu e a Etel, e a Paola, a Ana Clara... todo mundo envolvido de uma forma como eu nunca tinha visto acontecendo. Isto é bem a cara da Etel, isso tinha que ser desse jeito, se fosse de outro jeito não era dela (...) Eu me senti presenteada por participar deste trabalho..."
Cristina Lemos, cantora
"...antes de ouvir este trabalho, eu tinha - já vou dizer no passado - uma certa reserva com essa história de poema gravado. Com exceção de algumas experiências de música nova, em que o poema está inserido num contexto partiturado,enfim... porque essa história toma um pouco a emoção que eu teria, que brotaria das minhas coisas, das minhas lembranças, e coloca uma emoção pronta... pensava eu. Só que não é assim com este disco. Tem, sim, algo ali, já colocado na tua frente: uma emoção, uma psicologia externada. Mas continua dialogando, e só reforça, coloca um contraponto(...) As canções parecem um desafogo, um sossego, um tempo pra esse turbilhão de sensações que vêm junto com essa música, junto com essa forma de leitura. Essa outra margem dessa poesia..."
Indioney Rodrigues, compositor
Transtornante. Na ciência antroposófica se diz que prazer e sofrimento são a mesma coisa, estão na mesma trilha. Só muda a intensidade. Nesta trilha, a Etel transita como quem sabe disso. Como quem descobriu sem estudar, vivendo isso. Ao invés de transformar sofrimento em sabedoria - a sabedoria é sofrimento cristalizado - ela transforma prazer e sofrimento em poesia. e revela, em estética, o mais íntimo da sua dor e do seu prazer. E a gente sente o fôlego disso acontecendo.
Angel Roman, compositor
"...pra mim foi uma emoção muito grande. Pela música, pela troca no poema. Tive que namorar, casar, tudo muito rápido pra poder colocar emoção na letra, na composição, na história. Pra mim, foi uma graça de Deus..."
Webster dos Santos
"...é muito impressionante como na realização desse trabalho não havia pessoas de São Paulo ou de Curitiba. Cada vez menos as coisas estão centralizadas nos lugares, nas cidades. Cada vez mais as pessoas vão formando redes, se aglutinando em torno de projetos, de idéias. Todo o mundo que estava ali fazia parte daquele momento atemporal, daquele lugar anespacial que era o Artigo Oitavo (...) A Etel faz muito isto, junta todo mundo, faz uma comida, diz do que se trata, e vai tecendo a rede. E é um tesão, me enche de orgulho ser um nódulo dessa baita rede..."
Lydio Roberto, compositor
"...somos duas mulheres cujas pegadas marcaram ruas afins. Essa empatia sela nossa expressão artística: ela escreve porque por dentro canta. Eu canto o que sonharia escrever . Sublimamos a dor, porque a esgotamos em vivências. Sublimamos o amor, porque a sua lógica só é palpável no poema e no canto..."
Liane Guariente
"... a audição de Artigo Oitavo foi para mim como uma meditação. As palavras,sons, músicas funcionaram como Mantras, que me levaram a um esvaziamento dos pensamentos, e a um estado alterado de consciência, no qual eu apenas recebia, visualizando ,através dos sons, as imagens sugeridas pelas palavras,como se pudesse palpá-las, ali na minha frente(...) o Rodolfo usou de sua Alquimia, para penetrar nas palavras, vindas lá do útero da Etel, e trazê-las mais à luz, perfumadas da Essência em si. Se queria fazer com que ela se presentificasse no trabalho, cumpriu a missão..."
Iso Fischer, compositor
."...eu me senti honrada por ter participado desse disco, por ter podido cantar essa poesia, ter sido acompanhada pelo Sérgio Justen, que eu considero um grande músico, ter sido dirigida pelo Rodolfo Stroeter... e por participar de um projeto que fala, também, da poesia de Thiago de Mello, um poeta que eu admiro..."
Nice Luz
"...fiquei surpreso com o convite, não me imaginava tocando em um CD de poesia. Me surpreendi de novo na época da gravação - foi um trabalho em equipe, mesmo, todo mundo estava muito a fim de fazer... Mas a grande surpresa aconteceu no dia em que ouvi o disco. É simplesmente muito mágico. Eu, que não acredito muito em "magias", "energias", acabei ficando sem palavras, talvez nem tenha sabido expressar o quanto eu gostei de tudo..."
Sérgio Justen
"Fiquei feliz com o convite. Feliz com o que eu ouvi e com o cuidado com que foi feito este trabalho. Trabalho de cuidado materno."
Monica Salmaso
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CONTRA-CAPA DO LIVRO
"...na verdade, a facilidade que em aparência se encontra no dizer de Etelvina é simplesmente a difícil simplicidade só conquistada com rigoroso trabalho. Dona de cadência musical, não só no verso metrificado, como também no verso livre e branco, em que ela inventa ritmos e sonoridades..."
Thiago de Mello, no prefácio de Artigo Oitavo
"...eu acho que esse é um disco meu e dela. É um disco da nossa comunhão, da nossa descoberta (...) É um disco poderoso. É um disco que define, na minha opinião, um princípio de confluência entre a palavra e a música que não é a canção. Mas, ao mesmo tempo, a música está o tempo todo a serviço do texto. O texto está o tempo todo a serviço da música. E é sempre um impulso daqui contra um impulso de lá..."
Rodolfo Stroeter, Produção e Direção Musical
Não há como trabalhar com esta lady, sem se deixar perder nos meandros sinuosos e envolventes do universo feminino que a sua poesia evoca. (...) Um mundo que espia. Um mundo não-linear. Um mundo de profecias. Um mundo onde o caminho é o caminhar.
Paola Faoro, Direção de Arte e Projeto Gráfico
TEXTO PIH
"...e pra Papoula, minha linda e opiácea flor, que vai fazer com os meus versinhos o livro mais bonito do mundo!"
Em 1999 chegava em minhas mãos um exemplar do Artigo oitavo. E foi com esta doce dedicatória que a Etel - na época - me convidava a fazer o projeto gráfico do seu livro.
Um livro que seria verde, que seria verso, que seria música.
Parti eu, então, para a desafiadora missão de tentar desvendar as formas e imagens escondidas por detrás daquele mundo de "versinhos". E logo no início, me decidi por fugir do caminho traiçoeiro do óbvio e do descritivo. Primeiro porque este livro não é assim. E segundo, porque não é apenas um livro.
Não há como trabalhar com esta lady, sem se deixar perder nos meandros sinuosos e envolventes do universo feminino que a sua poesia evoca. A sua poesia evoca o seu mundo, um mundo que recende à ternura, mas que é também deslumbramento. Um mundo que se revela discreto entre o etéreo e o tátil, entre os odores de livros antigos e a luz que penetra pela janela, o dia inteiro aberta para o verde, onde cresce a esperança. Um mundo que espia. Um mundo não-linear. Um mundo de profecias. Um mundo onde o caminho é o caminhar. Um mundo em mar de aquarela, e que às vezes abre as comportas e joga tudo ao incinerador. Verbo, carne e labareda. Um mundo Dolor. Um mundo que nasce dos intestinos e nunca das gramáticas. Um mundo de regras fluidas e nada estáticas. Um mundo que às vezes silêncio, e em outras se propaga aos berros pelos corredores, tomando de sobressalto desavisados leitores. Um mundo de Jonas, Luisa e Clara. Um mundo de pedras nobres e raras. Um mundo de raiz e de levantar vôo. Um mundo que escorre lento e suave, como a resina da seringueira na sombra da floresta. Um mundo que jorra urgente e aflito um gozo.
Dar forma a este mundo não é de querer explicar. É simplesmente
deixar...
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